20/02/2011
Pedal da Lua e do Sol
Como já é de praxe realizamos mais um pedal sob o olhar atento da deusa Lua. É uma sensação maravilhosa e quem nunca foi deve fazer um esforço para no próximo nos acompanhar, ou então seguir com qualquer outro grupo. Não deixe de ir, pois é uma sensação maravilhosa e um encontro mágico com a natureza noturna.
Saímos com um pouco de atraso, mas nada capaz de tirar o nosso ânimo de pedalar. O grupo teve a seguinte composição: Benilton, Bené, Celita, Claudia Celi, Evandro, Felipe Centauro, João Paulo, Kleberson, Raimundo e Serginho. No carro de apoio o nosso companheiro Rodolfo assumiu mais uma vez o papel de motorista, pois a notícia que tenho é que a bicicleta dele somente tem serventia para pendurar cuecas e pano de chão, não sei se nessa ordem. Na função de copiloto o meu filho Guilherme Lima, que começou a dormir em Nova Parnamirim e só acordou em Bananeiras e ainda teve a cara de pau de dizer: "pai eu vi um bocado de raposa na estrada!!!".
Logo no início quando chegamos na curva da Coophab o primeiro pneu furado já marcou presença na bicicleta de Raimundinho. Rapidamente Felipe da Centauro tratou de tirar a roda traseira fora e iniciou um verdadeiro processo cirúrgico com o objetivo de identificar o elemento causador do furo. Foi tanto alisado no pneu, que até parecia que o homem tava acariciando a mulher dele. Enquanto Felipe tratava do alisamento pneumático o Doutor Kleberson, cuja especialidade é bem mais profunda, tratava de ofertar opiniões sobre qual a melhor forma de identificar o causador da furada. Garanto a vocês se dependesse de Kleberson nós ainda estaríamos na curva da Coophab divagando acerca do método mais eficaz para encontrar no escuro um espinho no pneu de uma bicicleta.
Feito o reparo seguimos o nosso caminho. Assim que subimos a ladeira de Cajupiranga e chegamos no posto da rodovia de acesso a Pium encontramos um enorme grupo de ciclistas de Parnamirim, capitaneados por Eurismar, da loja Ponto Bike. Dei uma olhada rápida e na minha contagem tinha aproximadamente uns cinco mil ciclistas, de ambos os sexos. O grupo se juntou ao nosso e nos acompanhou até a rodovia apelidada pelos ciclistas de Calcinha Preta. Nos despedimos, deixamos nossos contatos e o convite para pedalarmos juntos em outras oportunidades. Para mim é muito gratificante ver em plena sexta-feira tantas pessoas reunidas em torno de uma atividade tão benéfica à saúde.
Deixamos o asfalto e entramos pela estrada de Japecanga, passando por Curralinho e Curral da Junta até alcançarmos novamente o asfalto na rodovia 160. No caminho todos os aromas da natureza estavam disponíveis, o barulho das cigarras e dos grilhos foi capaz de arrepiar os cabelos da cabeça de Evandro. Somente para melhor ilustrar a questão dos cheiros da mata tenho que dizer a vocês que Celita estava com uma coçeira na garganta e quando passamos ao lado de uma fileira de eucaliptos, o aroma era tão intenso que a mulher ficou curada na hora.
Chegamos então na cidade de Vera Cruz e como alguns estavam com fome resolvemos fazer uma parada para um lanche. A minha opção, assim como a de outros, foi comer um sanduíche de frango, mas garanto a vocês que o bicho que estava dentro daquele pão jamais chegou sequer a pinto. Mas para dizer que a parada não foi em vão é preciso consignar que ali encontramos a coca-cola mais gelada que já tomei na minha vida. Basta dizer que até hoje a tarde Bené disse que ainda tava com os beiços dormentes de tão gelado que tava o refrigerante.
Seguimos até Quatro Bocas e de lá passamos em Lagoa de Pedras, Serrinha e chegamos em Santo Antônio do Salto da Onça à 00h50min. Preciso registrar que durante todo caminho afora o carro de apoio somente encontramos uma ambulância que passou com a sirene ligada. Nesse primeiro dia foram aproximadamente 79 Km pedalados e a média foi de 14 Km/h.
O DMRB (Departamento Médico do Rapadura Biker), cujos plantonistas, coincidentemente, eram Bené e Raimundinho, não registraram nenhuma ocorrência, a não ser o fato de que Felipe da Centauro e João Paulo estavam com tanta dor nas bundas que já estavam disposto a fazerem qualquer negócios com as mercadorias.Tudo culpa dos selins super fininhos que eles usaram, mas tudo bem, cada um é responsável por seu rabo.
Fomos até o Hotel Continental e ali o vigia do estabelecimento já nos aguardava com um molho de chaves nas mãos. Mais do que imediatamente o rapaz subiu numa bicicleta e nos guiou até a entrada do hotel. Nesse momento Claudia Celi seguiu no carro de apoio no rumo de Bananeiras, objetivando as providências para o almoço do dia seguinte.
Na divisão dos apartamento eu fiquei na companhia de Bené e Serginho, este descobriu que pedalar faz muito bem para o seu intestino e sempre que pretende dar uma cagadinha basta pedalar 70 ou 80 Km.
Como no quarto tinha beliche Bené resolveu relembrar os tempos de adolescência e foi dormir na parte de cima. Desnecessário dizer que o homem agora já tá beirando os 48 anos e foi quase 15 minutos para ele chegar no pico do beliche.
No outro dia o café da manhã foi de lascar: tinha grande variedade de sucos, frutas, bolos, pães, bolachas, dois tipos de cuscuz, ovo, carne, salsicha, enfim uma verdadeira mesa farta.
Às 07h17min tomamos o rumo de Nova Cruz. No caminho uma parada para fotografia no Bar do Batman, que tá mais parecido com um "motelzinho" de beira de estrada. Foram aproximadamente 20 Km de asfalto, contra o vento, mas fácil de vencer.
Saímos de Nova Cruz no sentido de Logradouro-PB e enfrentamos mais ou menos 16 Km de estrada de barro em um sol de rachar. O engraçado era que a gente pedalava e parecia que os pneus grudavam no chão. Foi muito estranho. No meio do caminho uma parada no Distrito do Braga, uma boa sombra e um refrigerante para espantar o calor.
Alcançamos Logradouro e voltamos ao asfalto. Após 03 Km chegamos em Caiçara e ali nos esperavam os Rapaduras Naldo e Adriana, acompanhados dos ciclistas de Bananeiras: André, Fernandinho e Juninho. A galera já estava numa sombra, com uma melancia cortada e uma ruma de banana para nosso deleite.
Fomos então enfrentar mais 15 Km até Belém-PB e ali encontramos os nossos coelgas Leo e Olney. Ficamos conversando no estabelecimento de Leo e logo em seguida chegou Fernando Amaral com sua esposa e amigos de Bananeiras, trazendo uma Kombi entupida de frutas e água gelada. O carro tava tão cheio de frutas que até parecia que ia deixar encomenda na Ceasa. Fizemos a festa e depois de renovadas as energias seguimos para enfrentar o trecho final, os 15 Km de subida até Bananeiras. Nesse ponto alguns resolveram seguir na Kombi de Fernando, ao passo que outros foram com Suzy, que passou a nos acompanhar no carro de Evandro e Celita.
Os primeiros 7 Km de subida (O Moura) não foram tão difíceis. O asfalto bom e o acostamento largo. No caminho uma paradinha para um banho de bica: água fria descendo direto da serra. Uma delícia!.
Chegamos então no povoado de Roma e por opção do grupo resolvemos seguir por trilha, evitando assim a famosa subida do Para Velho, cujo nome já diz tudo.
Ah menino! Quem pensa que a nossa escolha foi a melhor tá muito enganado. Logo no começo uma subida de calçamento que mais parecia as ladeiras de Salvador. Quanto mais você sobe, mais subida vai aparecendo. Quanto você chega em cima tem uma descidinha rápida só pra enganar e então termina o calçamento e começa o barro, ou seja, o que era ruim ficou péssimo. E tome subida. Nunca na minha vida desejei tanto ter mais uma coroa bem pequeneninha. E tome subida. Basta dizer a vocês que a paisagem é linda, mas o cabra não tem sequer tempo, nem coragem e nem força pra apertar o pitoco da máquina. E tome subida.
Depois de muito sofrimento e como se fosse um presente do céu o nosso amigo Fernandinho Amaral (ciclista de Bananeiras) sentiu uma cãimbra tão grande nas duas pernas que caiu com bicicleta e tudo. Não demorou muito e já surgiram descendo a ladeira a Kombi de Fernando Amaral e o meu carro guiado por Rodolfo. Combinamos então que não haveria mais sofrimento, pois ninguém tava ali para pagar promessa. Colocamos as bicicletas nos carros e fizemos os três quilômetros restantes no conforto.
Chegamos em Bananeira após 70 Km pedalados e uma média de 10 Km/h. O clima tava como sempre muito agradável. Tratamos de começar os trabalhos sociais e de fazer a resenha do pedal. Desta feita o grupo já estava grande e cada vez chegando mais gente, inclusive os Rapaduras Afonso e Alda, juntamente com as filhas, que foram nos honrar com suas presenças.
O tempo foi passando e alguém pediu música. Não demorou muito e já surgiu um violeiro bom da molinga chamado Saulo. Mais um pouco e chegou Marcos, cover de Benito de Paula. Foi melodia até umas horas, sendo suficiente dizer a vocês que houve até um acréscimo na escala musical, pois em determinado momento foi solicitado ao violeiro um "ló menor". Não sei se o violeiro entendeu, mas asseguro a vocês que a música saiu e era de excelente qualidade.
Hoje acordamos mais enfadados do que soldado depois do plantão. Saímos de Bananeiras após o tradicional pirão de Dona Deusinha e Seu Edvaldo, pais de Naldo. Pense numa comida boa e forte. O cabra recupera todas as energias perdidas e volta pra casa doido pra saber quando vai ser o próximo pedal.
P.S.: Tem umas fotos. Depois eu coloco só pra fazer inveja a quem não foi.
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2 comentários:
Caro Benilton;
parabéns pelo pedal e excelente texto. Se DEUS quiser ainda irei me aventurar com os rapaduras bikers. MAx (Bananeiras)
Perdi mais essa!!!! Mas adorei ler o relato que (inclusive)me fez sentir o peso dessa ultima subida, eheheheh
Pollyana Rangel
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