PREPARATIVOS, CONCENTRAÇÃO E SAÍDA:
Logo cedo no sábado (16/07/2011) o meu telefone começou a tocar. Do outro lado da linha diversos colegas ciclistas e a mesma pergunta: "Benilton e se chover o pedal vai ser realizado?". A resposta para todos foi praticamente a mesma: "iremos com chuva ou com chuva".
Depois do meio dia o sol ensaiou aparecer, mas não o fez. Tempo nublado e prenúncio de muita agua de cima para baixo.
Às 21h00min cheguei com Claudia Celi ao local da concentração e ali já estavam vários ciclistas, parentes e amigos que foram compartilhar a emoção da saída.
No local também estavam o simpático casal Marcelo e Andréa Almoedo, juntamente com outros integrantes da Campanha Trânsito na Paz, cujos propósitos são totalmente compatíveis com os nossos. Ouvimos as palavras do casal e assumimos o compromisso de colaborar com a campanha.
Distribuímos os rádios de comunicação entre os voluntários, fizemos um breve relato sobre o percurso e das regras de conduta e aguardamos o sinal da Bicicletada para seguir viagem.
Às 22h10min com a chuva querendo cair iniciamos o trajeto. Na ponta do pelotão os integrantes (voluntários) da Bicicletada deram um show: todos devidamente uniformizados e munidos com sinalizadores e apitos guiaram a massa ciclística pelas ruas da cidade com muita competência. A cada cruzamento ou semáforo você encontrarva um membro da Bicicletada sinalizando para os veículos que se aproximavam. Se algum motorista ficava nervoso o colega da Bicicletada se aproximava e explicava o ocorrido. Salvo engano, não existiram incidentes.
A Bicicletada mostrou aos ciclistas que ainda não conhecem sua ideologia ou se conhecem não querem aproximação, que é possível a convivência harmônica entre motoristas, pedestres e ciclistas, bastando organização, bom senso e tolerância. Parabéns ao Movimento e faço questão de nominar os integrantes que nos honraram com suas presenças: André, Beth, Fabiano, Herculano, Marcos Lemos, Neide e William. Obrigado!!!
77 BICICLETAS NAS RUAS:
Foi emocionante ver tantas bicicletas tomando conta das ruas da cidade. Chamamos a atenção e vi em muitos olhares uma ponta de inveja. Era como se a pessoa dissesse em silêncio: eu poderia estar com eles.
Somente quando descemos a ladeira no rumo da Ribeira foi que me dei conta da quantidade de pessoas que conseguimos reunir. Segundo o Diretor de Estatísticas do Rapadura Biker, Sergio Teda, foram contabilizados 77 ciclistas.
Cruzamos a Ribeira histórica, passamos nos alpendres dos cabarés das Rocas, sentimos o "cheiro" do peixe no Canto do Mangue, deixamos de lado Santos Reis e quando nos aproximamos da Praia do Forte nos deparamos com um engarrafamento e um enorme fluxo de pessoas oriundas de um show gospel realizado na orla marítima. Momento de tensão. O que fazer? Descemos das bicicletas e seguimos pela calçada, seguindo até o ponto em que foi possível retomar o pedal. Subimos a ponte Newton Navarro com tranquilidade e do outro lado fizemos a primeira parada para reagrupar.
UM POUCO DE PRAIA PARA RELAXAR:
A partir daquele trecho o trânsito automotivo começou a ficar mais escasso. Seguimos pela litorânea na Redinha Nova e nos deparamos com uma estrada esburacada e mal cuidada. Não bastasse isso de um lado e do outro da via um velho problema da "Nova Redinha": ruas alagadas e total ausência de drenagem. Pedalamos mais um pouco e logo alcançamos Santa Rita e dali conseguimos ver de longe o Morro do Careca. Não demorou e atingimos a beira da praia. A maré baixa nos possibilitou deslizar na areia e aqui tivemos umas das cenas mais lindas do passeio: as bicicletas iluminadas e os ciclistas pedalando ao lado das dunas de Genipabu. Foi incrível!!! Ouso dizer que ficou mais bonito que os dromedários, com a vantagem que ciclista não deixa o chão todo cagado.
Deixamos a praia, seguimos pela estrada e no trevo de acesso à balsa fizemos uma nova parada para hidratação. Nesse ponto verifiquei que o "chek list" que fiz no tópico da comunidade não serviu para muita coisa, pois as mulheres que utilizaram o banheiro do posto tiveram que improvisar na hora do asseio já que nenhuma tinha papel higiênico. Ainda bem que não foi dentro do mato. Quando fui informado do ocorrido peguei um rolo de papel toalha (comigo é assim!!!), mas já era tarde, ou seja, já tava tudo limpinho. Não me pergunte como.
MAIS BURACO ANTES DA BR 101:
Seguimos pela RN 307 no rumo da BR 101. Foram 5,5 Km de buracos - parecia mais solo lunar. Os comentários foram diversos e um deles eu gravei: "Se a Prefeita de Natal passar por aqui ela vai ficar orgulhosa, pois tem um lugar que tem mais buraco do que a cidade que ela administra". Quem disse isso foi a minha mulher, que pelo jeito tá ficando com a língua afiada.
Outra curiosidade do trecho foi a quantidade de bares abertos e de pingunços espalhados pelo caminho. Alguns vibravam com nossa passagem, outros não entendiam nada e teve até quem perguntou se era a "currida de Seu Silvestre".
NA BR 101: hora de despedida e de seguir em frente.
Alcançamos um posto de combustível na entrada da comunidade de Estivas e mais uma vez paramos para reagrupar. Alguns não compreenderam o motivo de tal parada, mas quando perceberam o quanto tiveram que esperar os "vassouras" do Pelotão (Montinny e Fabiano que não é Silva) foi que a ficha caiu. Sabíamos que no trecho esburacado a velocidade seria menor, de forma que se não houvesse o reagrupamento ficaria um espaço muito grande entre o começo e o fim do grupo. O que importa é que a maioria entendeu o objetivo e isso pra mim é suficiente.
Nesse ponto os integrantes da Bicicletada, conforme combinado, deixaram o grupo e tomaram o caminho de casa pela BR 101. Soube depois que nas proximidades da AMBEV a bicicleta de Marcos Lemos estourou um pneu, sendo necessário o auxílio de André que veio fazer o resgate no "Jorginho". Tudo terminou bem e chegaram em paz em suas casas.
A nossa próxima parada foi festiva. Chegamos no trevo de Muriú e os carros de apoio já nos aguardavam com frutas, água e gelo. Aqui abro um espaço para parabenizar os motoristas dos carros, Berg (Rapadura Móvel) e Ivanilson (caminhonete de Miltinho). Os caras foram peças importantíssimas no sucesso do pedal e permaneceram todo tempo solícitos. O tal do Berg além de fazer muito bem a função de motorista de dia, ainda tirou muita gente do prego com suas rápidas intervenções mecânicas. Ivanilson, que nos foi trazido por Serginho, mostrou uma desenvoltura peculiar, sendo um forte concorrrente ao prêmio de "Melhor Cortador de Melancia do Ano", o Grammy da hortifruticultura.
Para completar ainda rolou um som e alguns ciclistas ensairam uns passos de dança. Até aqui o grupo ainda pedalava todo junto.
Soube depois que teve um ciclista que levou um energético diferente: "cachaça Gabriela cravo e canela". Eu sei que Júnior Verona de vez em quando passava e dizia: "compadre, acabei de tomar uma!". E olhe que ainda não tínhamos chegado na metade do caminho.
Um fato interessante aconteceu nessa parada. Um ciclista resolveu "arriar o óleo" e esqueceu que tinha deixado uma cédula de R$ 100,00 no cós da bermuda. Escolheu um local escuro e fez o serviço, deixando no lugar além do mijo fedorento uma garoupa (peixe na cédula de cem). Quando se deu conta do fato pediu ao motorista Ivanilson para voltar ao local, dando as coordenadas exatas do ponto que o mijo foi depositado. O mais inusitado é que Ivanilson retornou e quando foi verificar a cena do crime encontrou duas notas de R$ 50,00 todas mijadas. Não entendi nada, mas isso é coisa de noite de lua cheia.
Deixamos o trevo de Muriú e iniciamos o trecho mais difícil do percurso (na minha opinião). Dali até a entrada de Rio do Fogo é longo e enfadonho. Não tem uma casa na beira da estrada e você não tem nenhuma opção para fazer um ponto de apoio.
Aqui foi a hora de testar o espírito de grupo e mais uma vez senti orgulho de ser do Rapadura Biker. Enquanto os mais "preparados" tomaram o rumo da venta e esqueceram que atrás vinha gente, os Rapaduras continuaram a cadência inicial e ficaram passando o rodo para evitar que alguém ficasse desestimulado na retaguarda. Se alguém tinha dúvida que no pedal em grupo o rítmo é ditado pelo último, acho que perdeu uma ótima oportunidade para aprender.
Quando atingimos aproximadamente 50 Km um acidente fez o grupo parar. Raimundo (que não é o professor), membro do Bike Tirol, não viu um pedaço de madeira solto na estrada e foi ao chão. Machucou o cotovelo e foi imediatamente atendido por Claudia Celi e uma equipe de enfermeiros de plantão. O kit de primeiros socorros foi caro, mas valeu cada centavo. Raimundo ainda queria continuar pedalando, mas foi orientado pela equipe ciclomédica a seguir no carro de apoio e assim o fez até o destino final.
Mais adiante foi a vez do outro Raimundo (o Professor) deparar-se com um raro problema em sua bike. O parafuso que prende o "carrinho" no selim quebrou e por muito pouco o Professor não foi estuprado pelo canote. Segundo uma testemunha ocular, presencial e inoxidável (cujo nome será preservado) o homem foi mais rápido do que bala de matar lobisomem e antes que o canote atingisse a região em derredor do "Zé de Golinha" ele deu um salto acrobático, digno do maior artista do Circo Tihany, conseguindo sair com o boga íntegro, pronto para uso, logicamente na sua função expelidora, pois Raimundão Bezerra é daqueles que só usa o dito cujo no modo original, sem essa de receber visitas. Não bastasse o susto que Raimundão passou, teve ainda um(a) gaiato(a) que disse: "Isso é estratégia. Ele vinha o tempo todo passando uma serrinha no parafuso, doido para subir no carro de apoio". Quando tudo conspirava para que Raimundão encerrasse naquele ponto o pedal eis que Claudia Celi apareceu com uma ideia: "é só pegar o canote e o selim da bicicleta do outro Raimundo e colocar na de Raimundão". Não é que deu certo.E ainda tem gente que fala que loura não pensa!!!
Chegamos no trevo de Rio do Fogo por volta das 04h00min e soubemos que alguns ciclistas já tinham passado de Touros há muito tempo e já estavam perto da África. Ouvi dizer que eles erraram de pedal, pois a competição do "In Mare" era só no dia seguinte. Pra não deixar os "vencedores" tristes estamos fazendo um levantamento dos seus nomes (vamos consultar o vigia do hospital) e o tempo preciso que cada um gastou e brevemente faremos uma solenidade para entrega de medalhas. Uma coisa é certa a frase que ficará gravada na medalha será: "Participei do Pedal da Lua e os outros se reiem pra lá".
Quando nos aproximamos do trevo de acesso ao Município de Touros recebi um telefonema de Naldo Bananeiras solicitando a presença do carro de apoio para socorrer uma ciclista que havia caído. De imediato encaminhei um carro ao local e de fato uma colega do Bike Tirol Norte, nominada Marilu, não viu um buraco, perdeu o equilíbrio e caiu com o rosto no chão. Foi conduzida ao hospital de Touros e atendida pelo médico de plantão. Pegou uns pontos, ficou sendo observada e voltou de ônibus com o grosso do grupo. Soube hoje (18/07/2011) que ela está bem. Registre-se que o atendimento no hospital de Touros foi bastante satisfatório.
Chegamos a Touros às 05h30min e fomos ao ponto marcado para o café da manhã. Ali alguns ciclistas conseguiram um local para banho e outros arrumaram um canto para descanso enquanto o café era preparado. Não fiquei até o final, mas soube que tudo correu bem e os dois ônibus voltaram ao destino e o que se ouvia durante todo o trajeto era o barulho de ronco. Soube que teve até uma "rodomoça - ciclomoça" servindo frutas, biscoitos e barrinhas aos passageiros.
Enfim, mais um pedal realizado e as rodas da bicicleta continuam girando.
AGRADECIMENTOS:
O Pedal da Lua Cheia foi uma iniciativa do Bike Tirol Norte e contou com os apoios da ACIRN, do Bike Tirol e do Rapadura Biker. Ao nosso grupo coube especificamente elaborar o trajeto, viabilizar os carros de apoio e ajudar na condução do grupo. Nossa tarefa foi cumprida e os membros do Rapadura Biker estão de parabéns por mais um trajeto vencido. Temos agora mais 90 Km em nossos "ciclocurrículos".
O Movimento Bicicletada quando foi convidado a participar do pedal não hesitou e confirmou presença. O resto todo mundo sabe: sucesso total. Parabéns e obrigado.
Todos os patrocinadores que de algum modo contribuíram em emprestaram seus nomes a camisa do evento: Arboribus, Água Mineral Santa Maria, Belém Madeiras, Bike Aventura, Cade, Comjol, Madeireira do Construtor, Metalúrgica Touros e Vereador Raniere.
Aos Supermercados Veneza (Nova Descoberta) e Boa Esperança (Parnamirim); e ao amigo Dequinha (Ministro do Roteiro dos Engenhos) pelas doação de frutas.
Verona Veículos e Miltinho pelos carros de apoio, sem os quais o pedal não teria obtido êxito.
Montinny Terceiro e Nova Schin pelos brindes.
Campanha Trânsito na Paz, em especial ao casal Marcelo e Andrea.
Aos blogueiros e mídia em geral que divulgou o evento.
Prefeitura de Touros pelo café da manhã.
Bicicletada-esquerda pra direita: André, Neide, Assis Monareta, Alícia, Beth, Herculano, FAbiano e William. |
Agradecendo ao pessoal da Bicicletada. |
Júnior Verona e Moab "energizando". |
Dunas de Genipabu |
Chegando em Touros |
Berg e o Rapadura Móvel. |
Com o pessoal da Campanha Trânsito na Paz |
Matriz de Touros. |
4 comentários:
Épico! :)Gostei dos Rapadura Bikers, mesma filosofia do nosso Capim com Poeira, todo mundo vai, ninguém fica.
Belo trabalho de logística. Isso é muito difícil e só funciona com o tal do espírito colaborativo q fala @miloliv
Todos de parabéns pela coragem de encarar a chuva!!!
Parabéns pelo espírito de grupo, num é atoa que nos fds's sou rapaduras, hehehehe
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Quero apenas denunciar um pequeno trecho do texto que diz: "currida de Seu Silvestre". AMIGO ISSO OCORREU EM SÃO TOMÉ, o senhor está totalmente enganado, apondo e trocando as bolas, ops digo texto.para isso tem uma penalidade a cumprir.
Ir fazer trilha em S.tomé de novo para aprender a escrever as coisas direito!!! heheheh
Adorei da merdalha aos apressados!parabens pela união do grupo.
Fabiano: acredite se quiser, mas acho que era o mesmo "bebum" de São Tomé.
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