O tempo amanheceu nublado e convidativo para pedalar. Tomamos um café da manhã reforçado com direito a um guiné torrado que Júnior Verona tinha encomendado especialmente para comemorar seu aniversário.
Reunimos na frente da casa e agradecemos a hospitalidade. Deu pena ver a expressão de Júnior Verona na hora que saímos. Tava doidinho para seguir viagem conosco, mas desta vez não foi possível.
Na primeira oportunidade que tivemos descemos para a beira da praia. A areia tava durinha, boa para pedalar. Seguimos no rumo do farol, o maior da América Latina. Segundo Professor Raimundo as cores do farol (preto e branco) homenageiam o melhor time do Rio Grande do Norte. Concordei com ele na hora.
Por falar em Professor Raimundo ele veio juntar-se ao grupo, pois no trecho entre Natal e Touros teve que ficar para assistir um casamento. Quem também aliou-se novamente ao grupo foi Roberto Carlos, que tinha voltado para fazer um show em Barra de Maxaranguape. Alguns alegaram que ele foi dormir em Barra de Maxaranguape com saudades da mulher, mas depois tal versão foi derrubada quando ouvimos do próprio que ele não come carne.
Quando nos aproximamos do farol ouvimos alguém anunciar que o pão estava chegando. Eram Délio Reieira (com um apelido desse não precisa acrescentar mais nada) e Alexandre (Parnamirim) que tinham dormido em uma pousada na entrada da cidade e nos acompanhariam até Caiçara. Délio Reieira trazia pendurado no guidão um pacote de pão francês e nas costas uma mochila que mais parecia um matulão.
Paramos no farol, mas não tivemos contato com os carros de apoio. Seguimos então até a praia de Cajueiro. Ali novamente não encontramos os carros e procuramos os telefones públicos da cidade, mas nenhum prestava. Tentamos ainda um contato via radio com um radioamador local, mas também não tivemos êxito. Optamos por pedalar pelo asfalto e em pouco tempo conseguimos encontrar os carros de apoio, desta feita dirigidos por seu Cuca e Serginho, tendo Guilherme Lima como navegador e agora promovido ao posto de fotógrafo.
De Cajueiro até São Miguel do Gostoso foi um pulo. Chuvinha fina no rosto e vento favorável. Fiquei demasiado impressionado com o número de pousadas, bares e restaurantes em São Miguel. Deixamos o asfalto e pegamos a estrada de piçarro que nos levou até a praia das Tartarugas. De lá entramos novamente na beira da praia e seguimos no rumo do Morro dos Martins. Nesse trecho tivemos a oportunidade de encontrar umas das figuras marcantes do pedal: senhor Anselmo, um nativo que há vinte e cinco anos desenvolve um trabalho voluntário de preservação das tartarugas. O homem é uma figura, nos deu várias dicas sobre o trecho a seguir, explicou como faz o seu trabalho e, o mais importante de tudo é que ele utiliza a bicicleta como meio de transporte. Tive a honra de pedalar ao seu lado.
A próxima parada foi a praia do Marco, lugar em que foi fincado o marco do descobrimento. Aqui tivemos uma parada para hidratação, com direito a muito energético “Bad Boy”. Meu informante disse que Fabiano Silva ao ver o energético foi com força. Tomou uns três de uma vez só. O resultado foi que o homem seguiu cagando o resto da viagem e de agora em diante recebeu o título de Fabiano Bad Boy.
Continuamos pela beira da praia até Exú Queimado. No caminho quem vinha de carro no sentido contrário era Carlinhos Canalha, a fina flor do pé de pitomba, ou como diz João Cobrinha, o homem que colocou catinga em furico. Paramos, conversamos e recebemos dele a orientação para deixarmos a beira da praia, pois após 5 Km a areia ficaria bastante fofa, implicando em descer e empurrar por vários quilômetros. O meu plano já era esse. Seguir pelo piçarro até Pedra Grande e de lá pelo asfalto até Caiçara. Deixei o grupo bastante à vontade e uma parte (Jadson, Roberto Carlos, Fabiano Bad Boy, André e Renato Magal) resolveu seguir pela praia, ao passo que os demais seguiram o meu caminho. Quando faltavam alguns quilômetros para chegar em Pedra Grande passei um radio para Serginho e pedi para ele localizar o Prefeito da cidade, Marcão, com a finalidade de nos prestar algum apoio. A resposta foi imediata: o homem nos ofereceu água gelada, gelo e um almoço na saída da cidade. Foi tudo além do planejado. Firmamos o compromisso de participar de uma ação social na cidade de Pedra Grande, levando a mensagem da importância do uso da bicicleta. Almoçamos e seguimos viagem, chegando em Caiçara por volta das 15h00min, ao passo que o grupo que optou pela beira da praia ainda penava no caminho devido a grande quantidade de areia.
Nos hospedamos e tomamos um banho de mar. Aqui nos despedimos de Jadson (foi fazer uns exames – teste da goma e outros – em Natal), Alexandre e Délio Reieira (foram embora por que não vieram preparados para acompanhar todo o trajeto). Antes de sair Délio Reieira deu mais uma prova da origem do seu nome: na hora de pagar a quota do carro de apoio o homem sacou de um “meaeiro” e puxou uma ruma de moedinhas. Tinha de pataca a cruzado novo, menos o que interessava: o real. Soube depois que seu Kuka e outros lamentaram muito a saída de Reieira do grupo, teve gente que até chorou.
A hospedagem na Pousada Paraiso Florido foi tranquila, não tendo sido sequer abalada pelo cuidado exagerado do argentino Gustavo com a grama do lugar. Quando alguém esquecia e pisava na grama o argentino surgia não se sabe de onde e já gritava para não pisar. Seria bem mais fácil se tivesse colocado uma placa, mesmo que fosse escrita em castelhano.
O grande destaque do dia foi o cantor Roberto Carlos. O homem que chegou no Rapadura Biker mais calado do que Angelike na missa, começou a soltar a voz e colocar pra fora os seus dotes. Iniciou vendendo seguros, ofereceu serviço de massagens e ainda fez as vezes de garçom na pousada. Basta dizer que o cara é tão desenrolado que o cartão de visitas dele tem mais informação do que o de Carlos Camboim.
Antes do jantar um grupo resolveu seguir de carro até o centro da cidade para comprar sabão. Quem foi nessa empreitada disse que a entrada do carro na cidade foi um verdadeiro furor, principalmente pela forma “suave” que Neide dirigiu o carro.
A dormida foi tranquila, afora um grupo de “boys” ao longe que insistia em testar o paredão em plena noite de domingo.
Valeu Rapaduras. Vencemos o terceiro dia sem nenhum problema. Até aqui todos inteiros.
DADOS DO PEDAL:
Quantidade de ciclistas: 16 ciclistas.
Pessoas nos carros de apoio: 03.
Hora de saída: 06h00min.
Hora de chegada: 15h00 min.
Distância percorrida: 84 Km. (inclusas as travessias).
AGRADECIMENTOS:
- Ao bom Deus por mais um dia superado;
- Aos que pedalaram com o Rapadura Biker;
- Aos que acompanharam nos carros (Neide, Serginho e Guilherme Lima);
- Radiocom, na pessoa de Edimar, pelo empréstimos dos radios tão utilizados e importantes durante toda viagem;
- Prefeitura Municipal de Pedra Grande, na pessoa do Prefeito Marcão, pelo total apoio na cidade, fornecendo água, gelo e almoço;
- seu Anselmo, pelas lições de vida que nos deus durante o pouco tempo que pedalamos juntos; e
- Ao pescador que ajudou o grupo que pedalou pela praia entre Exú Queimado e Caiçara.
- seu Anselmo, pelas lições de vida que nos deus durante o pouco tempo que pedalamos juntos; e
- Ao pescador que ajudou o grupo que pedalou pela praia entre Exú Queimado e Caiçara.
Trajeto do 3º Dia: 84 Km. |
Em Touros: Júnior Verona, Doutora Vera, Gracinha Gomes e amigos. |
O maior farol da América Latina. |
Encontro inusitado com Carlinhos Canalha. |
Recepcionados pelo Prefeito de Pedra Grande, Marcão e família. |
Seu Anselmo: protetor das tartarugas marinhas. |
Um ninho preservado. |
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