EXPEDIÇÃO
LITORAL NORTE – 4º DIA – DIOGO LOPES-PONTA DO MEL
Nossa saída de
Diogo Lopes foi tranquila, pois tomamos café da manhã sem pressa e
dessa vez mudamos os planos, não mais fazendo a travessia de barco
de Macau a Porto do Mangue, mas seguindo por dentro da Salina
Henrique Lage e fazendo uma rápida travessia de barco no Riacho dos
Cavalos.
Até Macau o
trajeto foi todo de asfalto e o trecho tem muito movimento de
caminhões da Petrobras, mas como era domingo o trânsito estava
tranquilo. A temperatura estava amena e o grupo evoluiu sem muita
dificuldade.
Nos primeiros 10
Km vi quando Raira aproximou-se ofegante e pediu para o carro de
apoio adiantar, pois estava precisando trocar de roupa. De início
lembrei de Angelike e Jac quando fizeram uma certa viagem de
bicicleta e esqueceram de “ir no osso”, chegando na Reta Tabajara
mais assadas do que espetinho no final da Festa do Boi, sendo
necessário Moab Reieira acudi-las com dois extintores de incêndio,
os quais obteve por empréstimo de um gentil motorista de carreta.
Até então eu não tinha prestado atenção em Raira, mas nesse
momento a garrafinha presa na minha bicicleta caiu e tive que parar,
momento em que ela passou por mim. Entendi então o motivo da sua
agonia: a mulher estava vestida tal e qual a mulher gato, toda com
roupa preta e quando o calor apertou, a gata miou e pediu leite.
Entendi então a razão do seu sobrenome.
Resolvida a
questão do modelito de Raira Leite e aproveitando a parada em um
posto de combustível para abastecimento, seguimos o nosso caminho,
pois Macau estava bem próximo.
Não demorou e
encontramos o símbolo marcante na entrada da cidade – o Moinho de
Sal – com sua imponência, registrando qual a atividade econômica
ali predominante. Lembrei dos amigos Jean e Gringo, ciclistas
macauenses que desta vez não puderam nos acompanhar. Soube depois
que Gringo ainda nos aguardou até 08h30min, mas teve um “desarranjo”
e foi assumir o seu lugar no trono.
Ainda na entrada
da cidade nos deparamos com a espuma de sal de um lado e outro. Para
os menos desavisados parece neve, tendo até alguém sugerido pelo
rádio fazer um boneco.
Fomos recebidos
por Winston, irmão de Helena (se o nome dele não for esse ela não
vai sossegar enquanto eu não corrigir), com um quadricoptero fazendo
uma filmagem da nossa chegada. Paramos no posto para novo
abastecimento e dali seguimos pela ponte da Ilha de Santana e depois
entramos na zona da Salina Henrique Lage, sempre guiados por Winston,
pois o caminho não era por nós conhecido.
De um lado e do
outro a visão tem a seguinte tríade: areia, água e sal. Reina um
silêncio gostoso e o odor é de água sanitária.
Quem vinha
fechando o grupo era o Sargento Josias, pois o Cabo Dantas estava com
pressa, pois tinha um encontro mais adiante (depois eu conto). Pois
saibam que o Sargento Josias, aquele que chegou no Rapadura Biker
chamando bolacha de “naiacha”, foi abordado no caminho por uma
Kombi entupida de mulheres, as quais queriam saber do garboso infante
como proceder para serem introduzidas naquele grupo. De imediato o
Sargento utilizou da sua eloquência peculiar, forneceu todas as
informações pleiteadas e se despediu das donzelas dizendo que o seu
nome era Genilson, pretendendo assim escapar das vassouradas quando
chegasse em casa.
Enquanto tudo isso
acontecia na retaguarda, o grosso do grupo seguia totalmente alheio
aos acontecimentos e logo chegou ao ponto do rio em que seria feita a
travessia de barco. O barqueiro informou a lotação – três
ciclistas e quatro bicicletas, ao custo de R$ 2,00 por cabeça. O
primeiro grupo foi embora e assim sucessivamente. A região é ainda
muito rica em caranguejos e tive que usar de todas as minhas forças
para conter Claudia Celi e Raira Leite, as quais pretendiam a todo
custo levar uma corda do crustáceo.
A travessia foi
muito tranquila e o último grupo contou com uma celebridade dentro
do barco, permitindo-se inclusive ser fotografado. Refiro-me ao
“Patropi”, aquele personagem da Praça é Nossa (vide foto adiante), que estava no
local estudando o mercado para um novo modelo de negócio: salão de
depilação para caranguejos, cujo nome soou estranho “Depica”.
No outro lado
obtivemos informação sobre o caminho a seguir e a resposta foi
altamente pedagógica: “siga a estrada”. Seguimos a orientação
e mais adiante nos encontramos com um motociclista, tendo prestado
informação mais segura: “siga em frente e quando encontrar o
mata-burro entre à direita”. Foi perfeito!!!
Nesse
ponto o Cabo Dantas e Berenilson Abeane tinham ganhado a dianteira.
Fiquei curioso para saber o motivo de tanta pressa e somente mais
adiante entendi o motivo. Quando alcançamos o asfalto recebi pelo
rádio a notícia de que o Cabo já estava sentado no “Bar da
Vacora”, tomando algo gelado e nos aguardando. De longe vi a cor do
estabelecimento e percebi que ali era tudo menos um bar familiar.
Chegando mais perto vi as garçonetes e a dúvida virou certeza: as
“vacoras” faziam jus ao nome (Significado de vacora no Dicionário inFormal online de Português. O que é vacora: Pessoa escorneada, apaixonada, sofrendo por um amor.) e quando perguntei se tinha cerveja
preta recebi uma resposta “caliente” e um olhar “fuzilante”:
“a pretinha não tem, mas tem a loirinha”. Na saída ainda recebi
um convite para voltar mais tarde, sem as mulheres. Preferi deixar a
missão para o Cabo, pois afinal ele deu a entender já ser
conhecedor do terreno, tendo provavelmente utilizado a mangueira do
carro pipa naquela região.
Já
passava do meio dia quando chegamos ao trevo de acesso a cidade de Porto
do Mangue. Nova parada para hidratar, com a competência peculiar do
Pinto e Guilherme no apoio.
Seguimos
então pelo asfalto, ladeados por dunas, especialmente as rosadas. A
pista é invadida pela areia e exige cuidado do ciclista, pois
qualquer descuido pode levá-lo ao chão.
Alcançamos
à Praia do Rosado e fomos direto para a beira da praia, pedalando na
larga orla do lugar.
De
longe avistamos a lona de um circo na beira da praia e de início
ficamos sem entender. Mais uma vez a explicação veio do Cabo
Dantas, esclarecendo que seu irmão veio de Natal para buscá-lo e
armou literalmente um circo na praia, tinha nome e tudo: “Circo dos
Hermanos”.
Nossa
chegada à Pousada do Beiral foi tranquila, exceto pelo estrago na
região furical de Dr. Othon. Não tive coragem de ver, mas o
enfermeiro de plantão afirmou que o troço tava feio. Foi necessário
um tubo de xilocaína para aliviar o sufoco na região, tudo
acrescido de um botão de hemorroidas que resolveu aflorar em plena
Ponta do Mel.
Após
hospedados nos reunimos para almoçar, resenhar e nos despedirmos de
Cabo Dantas, Sargento Josias e Dr. Othon, com voo marcado para às
16h32min daquele dia, na Companhia Aérea Los Hermanos. Nesse
momento, após ouvirmos as palavras de agradecimento de Josias, foi
indagado ao grupo sobre a possibilidade de pararmos a viagem ali,
pois nossa diária somente acabaria ao meio dia da segunda-feira e a
maré somente estaria propícia por volta das 13h00min, nos forçando
a pedalar pelo asfalto, coisa que não era muito interessante. Por
unanimidade resolvemos ficar e acredito tenha sido essa uma excelente
opção.
No
dia seguinte foi somente banho de mar, cerveja e peixe frito, somente
esperando a hora de fechar a conta e embarcar de volta para Natal, o
que aconteceu por volta das 15h30min.
Encerramos
mais essa aventura contabilizando 66 (sessenta e seis) praias do
litoral norte do nosso Estado, algumas por muito desconhecidas
(Prainha, Piracabú, Anéis, Ponta de Santa Cruz, Garças, Gameleira,
Espalhadinha, Cardeiro, Xepa, Maceió, Reduto, Três Irmãos,
Serafim, Santa Luzia, Minhoto, Ponta do Anjo e Pedra Grande), outras
por demais populares (Praia do Meio, Redinha, Genipabu, Pitangui,
Barra de Maxaranguape, Touros, São Miguel do Gostoso, Caiçara do
Norte, Galinhos, Macau e Ponta do Mel). Tudo muito lindo e disponível
para quem tem coragem e disposição para pedalar.
Obrigado
a todos os Rapaduras participantes da expedição. Até a próxima.
Nessa foto tem outra estrela da TV. Quem identifica? |
Registro fotográfico do Patropi. |
2 comentários:
Pedal maravilhoso, companhias maravilhosas, muita aventura em belas paisagens, oportunidade única "Eu fui, mas quando vi já estava voltando." (Patropi)
" a vacora " foi transferido e situada no local juntamente com suas funcionarias após o fechamento do "Maria boa" onde os pracinhas brasileiras juntamente com os americanos faziam uma visita diariamente para descarregar suas mercadorias depois de longos e árduos dias abordo de um navio , isso no período da segunda guerra mundial
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