AS
AVENTURAS DO SARGENTO RODINHA E DO CABO CATRACA
Localizado a
aproximadamente oito milhões de quilômetros da Terra fica uma
pequeno planeta batizado pelos cientistas de Rapahard. A população
não é muito grande e provavelmente por causa disso os seus
habitantes são bastante próximos.
O único meio de
transporte existente é a bicicleta e as pessoas utilizam esse
veículo para tudo que fazem: trabalho, escola, compras, lazer, enfim
todos os deslocamentos. Talvez por esse motivo os moradores de
Rapahard são possuidores de excelente saúde e ótimas condições
físicas, exceto por alguns que insistem em manter uma barriguinha de
estimação.
Dentre os
habitantes do lugar dois deles estão sempre em destaque, pois passam
vinte e três horas do dia arengando e a outra hora restante
pensando em um motivo para azucrinar a vida do outro. Seus nomes são
Sargento Rodinha e Cabo Catraca e ambos são responsáveis pelo
Ministério da Vassoura de Rapahard, serviço dos mais nobres e
importantes, pois é deles a responsabilidade de não deixar nenhum
habitante abandonado, principalmente nas grandes viagens.
Diz a lenda que o
Sargento Rodinha e Cabo Catraca sempre estiveram muito juntos,
principalmente quando existia alguma mesa com comida perto deles. A
mesma lenda revela que o Ministério da Vassoura foi inicialmente
comandado pelo Cabo Catraca, mas com a chegada do Sargento Rodinha as
coisas mudaram, tendo este assumido aos poucos a função,
aproveitando-se principalmente de uma viagem do Cabo Catraca para
fazer turismo em um planeta chamado Fortaleza. Com o afastamento
temporário de Catraca, Rodinha foi cativando as pessoas com sua
conversa fácil, de modo que em pouco tempo assumiu o Ministério da
Vassoura.
Não satisfeito
por ter perdido a sua nobre posição o Cabo Catraca resolveu pregar
uma peça no Sargento Rodinha e para tanto pediu o auxílio do
Cientista Cabelo e da Perfessora Jurubeba, o primeiro uma espécie de
Professor Pardal de Rapahard e a segunda uma excelente cozinheira,
cuja especialidade é fazer deliciosas empadas emborrachadas. O plano
era simples: sabedores que o Sargento Rodinha é muito conhecido por
ser um corredor, já tendo participado de maratonas, inclusive
correndo em montanhas, resolveram atingir o ponto fraco dele,
convidando-o para comer uma feijoada, previamente temperada com
ingredientes secretos que iriam desestabilizar o sistema estomacal de
Rodinha, fazendo com que ele parasse a cada cem metros para adubar o
planeta. Marcaram então um encontro e prepararam um caldeirão de
feijoada, cujo cheiro podia ser sentido a centenas de quilômetros.
Nesse dia Rodinha não fugiu à regra e comeu aproximadamente cinco
tigelas, somente rejeitando os caroços das laranjas e os gorgulhos
da farinha, mas o resto ele colocou tudo para dentro. Enquanto ele
comia alegremente, Cabo Catraca, Cabelo e Jurubeba apenas
conversavam, querendo saber como estavam os preparativos para a
corrida do dia seguinte, assunto que muito interessava ao Sargento Rodinha.
Depois de ter
consumido toda feijoada e comido três rapaduras de sobremesa o
Sargento Rodinha seguiu seu destino, pois iria correr no dia seguinte
uma meia maratona. Assim que ele saiu o Cabo Catraca comentou: acho
que essa corrida de amanhã vai deixar muitas marcas.
Amanheceu o dia e
Rodinha acordou meio avariado, sentido um leve desconforto no pé da
barriga. Teve vontade de soltar um pum, mas não teve coragem,
dizendo que era para poupar energia. A corrida começou no horário e
Rodinha saiu como sempre na velocidade cinco, passando por todos com
a rapidez de um gato maracajá. Não demorou muito e Rodinha começou
a sentir um rói-rói na barriga, suando frio e sentindo uma enorme
vontade de visitar uma moita. Tomou um gole de água, respirou fundo
e continuou correndo, mas o rói-rói somente aumentava. Na primeira
subida Rodinha não resistiu e entrou em um terreno baldio,
escondendo-se na sombra de um pé de acerola. Fez o serviço e deixou
sua marca na terra. Voltou à corrida, mas logo estava de volta
procurando outra moita, situação que se repetiu por todo o
trajeto.
Enquanto a corrida
se desenvolvia o Cabo Catraca aguardava na linha de chegada,
esperando o Sargento Rodinha para presenteá-lo com um tubo de pomada
para assadura e um fardo de papel higiênico perfumado e com folha
quádrupla. Encontraram-se, trocaram elogios entre si e já ficaram imaginando qual a próxima traquinagem que iriam aprontar.
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