2º DIA: CASTELO DE BIVAR (CARNAUBA DOS DANTAS-RN) E CASTELO DA CARNE DE SOL (PICUÍ-PB) - 112 Km.
Trajeto do segundo dia. |
Acordamos às 06h30min e iniciamos os preparativos para mais um dia de pedalada. As expectativas eram muitas, pois teríamos inicialmente pela frente 24 Km de trilha descendo do Castelo de Zé dos Montes até Santa Cruz-RN.
Tomamos café, nos despedimos e iniciamos o trajeto, sempre com o visual do Castelo de Zé dos Montes. No início foram somente descidas e o clima extremamente agradável tornava a pedalada mais agradável ainda. Passamos uma porteira, chegamos a uma comunidade e iniciamos uma sequência de subidas intensas, até que chegamos em uma bifurcação: de um lado Pau de Leite e do outro "Cravilha". Mediante protesto deixamos o Pau de Leite de lado e seguimos por uma estrada que tinha sido recentemente "maquiada" com uma "patrol". Em pouco tempo avistamos de longe a estátua de Santa Rita de Cássia, o que de certa forma foi um alento.
Trilha descendo de Sítio Novo. |
Após duas horas de pedal chegamos em Furnas e passamos por cima da parede do Açude Inharé, com volume de água bastante baixo. Alcançamos o asfalto da BR 226, reunimos o grupo em uma sombra e seguimos para a Panificadora Seridó, aproveitando para hidratar com um delicioso açaí, comer bolo da moça e degustar algumas "rolas doces" remanescentes do dia anterior, pois a fornada diária ainda não estava pronta.
Barragem em Santa Cruz. |
Comendo rola doce. |
Deixamos Santa Cruz já passava das 11h00min e achávamos que os 30 Km até Coronel Ezequiel-RN seria de fácil superação. Lêdo engado. Assim que deixamos a zona urbana percebemos que a parada seria dura. Casas abandonadas na beira da estrada, vegetação extremamente seca e um calor típico de padaria do inferno. Pra piorar um pouco mais, começou uma série de subidas e quando demos conta estávamos no meio de uma serra monstra, cujo fim parecia não existir. Suficiente dizer que a única sombra encontrada no caminho foi a de um jumento magro que insistia em ficar no meio da pista, sendo necessário tangê-lo para evitar um acidente.
A sombra do jumento. |
Quando estávamos no limite das forças e com a água já acabando chega a notícia no rádio, na voz de Uila: "estou a uns 7 Km de Coronel Ezequiel, em uma comunidade chamada Cachoeira e aqui tem uma bodega com picolé, coca-cola gelada e kitut". Tais palavras soaram como uma ducha no deserto. Lá chegando fomos excepcionalmente bem recebidos, chegando ao ponto da dona do estabelecimento ofertar uma cumbuca com caldo de feijão, buscada diretamente da panela do almoço da família. É bem verdade que a senhora do lugar cedeu ao meu argumento, quando disse a ela: "minha esposa tá grávida de um dia, desejando como nunca um caldinho de feijão". Sorrindo, ela trouxe o feijão e ainda fez questão de oferecer a água gelada do uso da família, pois a água mineral vendida não estava "geladinha". A energia do lugar era muito boa e a sombra melhor ainda, de modo que ficamos alí por uns quarenta e cinco minutos.
Parada em Cachoeira. |
Continuamos subindo e finalmente entramos em Coronel Ezequiel-RN. O calor continuava e paramos em uma lanchonete, na qual fomos gentilmente atendidos por um rapaz, inclusive fazendo questão de divulgar um "miiiiiiiiiiiiiix de sucos" existente no estabelecimento. Sentamos na calçada e fomos interpelados por moradores do lugar curiosos para saber o que fazíamos ali.
Chegando em Coronel Ezequiel. |
Saímos de Coronel Ezequiel e enfrentamos novamente trecho de trilha, desta feita também no alto da chã, entre cajueiros e corredores. A temperatura baixou e chegamos na Vila de Santa Luzia de Picuí por volta das 16h30min, seguindo direto até um mercadinho, sendo novamente muito bem atendidos. Na Vila encontramos um ciclista chamado "Neném", montado em uma bicicleta Brasiliana vermelha e branca, bem arrumadinha. Fizemos uma proposta e o homem ficou balançado para vender. Resolvemos deixar quieto, pois não tínhamos espaço mais pra nada.
Mercadinho na Vila de Santa Luzia. |
Nenem e sua Brasiliana. |
Quatorze Km nos separavam de Picuí-PB e sabíamos que os sete últimos seriam descendo. Anoiteceu e estávamos equipados com nosso kit iluminação. Quando já entrávamos na cidade ouvimos pelo rádio a orientação de uma "vala" no trajeto. Eu seguia na vassoura e Claudia Celi ia na minha frente. Passamos a tal da vala, mas logo adiante tinha uma curva com uma areia solta. Claudia estava empolgada, perdeu o equilíbrio e caiu, levantando rapidamente, não sendo possível sequer fazer um registro fotográfico ou em vídeo. Mais adiante informei da queda e ao ser indagada por Uila se estava tudo bem, ela respondeu com a célebre frase de Napoleão Bonaparte ao ser derrotado em Kubrik: "ce un pet pour ceux qui sont de merde", ou seja, "o que é um peido para quem está cagado".
Picuí. |
Paramos em uma praça e deliberamos que a fome imperava e deveríamos procurar um restaurante, pois afinal estávamos na Terra da Carne de Sol. De um transeunte recebemos a indicação de um restaurante ambientado em um Castelo, cuja especialidade era a legítima carne de sol. A sugestão foi acatada de pronto e qual não foi nossa surpresa ao nos depararmos com um local maravilhoso, com atendimento excelente e comida deliciosa, sendo mais uma das agradáveis surpresas da viagem. O garçom (Luis) que nos atendeu foi extremamente profissional e o gerente da casa (Henrique) e sua namorada (Alini) foram extremamente simpáticos e juntos fizemos a tradicional foto na posição Rapadura Biker.
Jantar no Castelo da Carne de Sol. |
Com a equipe do Castelo. |
Restavam ainda 24 Km até Carnauba dos Dantas e recebemos péssimas notícias sobre a estrada, pois o asfalto estava totalmente deteriorado, sem falar no intenso tráfego de caminhões. Analisamos a situação e optamos por fretar uma F4000, seguindo em segurança até a Pousada, o que foi uma ótima escolha. Chegamos tão enfadados ao ponto de rejeitarmos utilizar a piscina do lugar.
Dormimos com a proteção do Monte do Galo.
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