Dia 08 de março de 2016
Acordamos com o canto dos pássaros e conforme a programação dormimos um pouco mais, pois a previsão de saída era somente 11h00min. O plano era continuar na Ruta Nacional 40, seguindo pela famosa Rota dos Sete Lagos. Observei que o número de lagos vai muito além de sete, entretanto, os considerados como integrantes da Rota são: Lácar, Villarino, Machónico, Falkner, Escondido, Espejo Grande e Correntoso. Cada um é mais bonito que o outro, tornando assim o pedal pelo asfalto menos enfadonho.
Logo na saída do Hermoso uma foto para homenagear o Dia Internacional da Mulher. Mais adiante, aproveitando o mirante fizemos mais uma homenagem às nossas amazonas.
Viva o Dia Internacional da Mulher. |
Lindo visual. |
Pedalamos por aproximados 50 Km com muitas descidas intensas e algumas paradas para fotos nos diversos mirantes existentes no trajeto, todos bem sinalizados e via de regra com pontos para coleta de água nas proximidades. No nosso caso a equipe de apoio sempre estava presente com frutas, alguma comida salgada (biscoito ou pão) e água. Chegamos finalmente ao Lago Correntoso e ali o ônibus Frajola já estava parado, nos preparativos do almoço. Aproveitamos o tempo vago para um banho gelado no lago, o que se revelou uma experiência revigorante. Almoçamos, ouvimos orientações acerca da "subida" que nos esperava e seguimos o caminho.
Laíza e Marília: sempre no apoio. |
Água gelada direto da fonte. |
O Frajola. |
Beto Tifuca. |
Gelada!!! |
Deixamos o Lago Correntoso por um pequeno trecho de terra e logo alcançamos o asfalto. A tal da "subida" foi mostrando sua face e logo sentimos saudades da ladeira de Tabatinga e da Serra do Doutor. Quanto mais você subia, mais ladeira aparecia e para nossa sorte o acostamento era bom e os carros respeitavam a distância regulamentar de 1,5 m.
Quando finalmente a ladeira foi vencida o grupo já estava todo retalhado, o que é justificável pelo nível de stress gerado naquele momento. O fato é que não foi possível tirar uma foto de todos no mirador que antecede a Vila de La Angustura, mas ficaremos com esse débito em aberto.
Chegando. |
Quanto mais nos aproximávamos da Vila, mais bonito ficava o visual, especialmente pela casas de campo e chalés fincados nas montanhas, sem falar do esplendor do verde.
Passamos na ponte do rio Correntoso, considerado o menor do mundo, encontramos um paredão indicando que estávamos chegando ao "Jardim da Patagônia" e logo em seguida adentramos em uma ciclovia compartilhada com pedestres, permitindo assim o acesso mais tranquilo ao centro da cidade, pois o trânsito estava intenso.
Jardin de Patagônia |
Terminada a ciclovia já encontramos a placa sinalizando o acesso ao Hostel La Angustura (http://www.hostellaangostura.com.ar/es/), local bastante simpático. Nossas expectativas foram confirmadas na pessoa da recepcionista do hostel, bastante solícita e paciente com o grupo de ciclistas famintos de comida e conforto. Nos alojamos e tivemos a notícia de um problema técnico no Frajola (ausência de gasolina com alta octanagem), de forma que nosso jantar terminou em pizza e somente mais tarde é que tivemos acesso às bagagens.
Hostel La Angustura. |
Seguindo os ensinamentos do Mestre Kuka, cujas obras foram deixadas em cada um dos 7 lagos, resolvemos tomar um vinhozinho, afinal de contas no outro dia teríamos que pedalar. Aproveitamos o ensejo para conhecer um pouco mais o nosso guia Pablo, tendo este revelado o seu sonho de dedicar 15 anos para dar uma volta pelo mundo de bicicleta. Uma parte do grupo foi dormir e outra foi conhecer a noite de La Angustura.
Pedalamos 74 Km.
Dia 09 de março de 2016
Esse dia foi destinado ao descanso, já que no dia seguinte teríamos um longo trecho até Bariloche. A organização, entretanto, sugeriu um pedal alternativo para os interessados; conhecer o Parque Nacional Los Arrayanes (https://es.wikipedia.org/wiki/Parque_nacional_Los_Arrayanes), sendo informado de uma escadaria com quatrocentos degraus antes do início da trilha, implicando em cada um levar sua bicicleta nas costas. Após analisados os prós e os contras um grupo de 09 ciclistas se formou e eu estava entre eles, o que se revelou uma decisão muito acertada, pois parodiando o mestre escapista, alquimista e especialista em massagens relaxantes pescoçais, Mister Carlson, foi seguramente uma das trilhas mais bonitas que já fiz na vida.
De fato a escada existe, entretanto, segundo minhas contas foram 158 degraus de madeira, com a bicicleta pendurada no ombro. Vale cada centímetro carregado, pois a trilha tem 24 Km (12 de ida e 12 de volta), toda sinalizada e dentro de uma floresta intensa, com um tipo de vegetação que somente tem similar na China. O lugar é mágico, com um silêncio magnífico e uma atmosfera que não lhe permite cansar. Durante todo o trajeto nos deparamos com cilistas e pessoas fazendo a pé o trajeto, tudo funcionando com harmonia e respeito.
A tal da escadaria. |
Ela de novo. |
Um fato interessante aconteceu na trilha: logo no início um cachorro se aproximou do grupo e ganhou a simpatia de alguém, recebendo o apelido de Cebola (não me perguntem por qual motivo, pois quando cheguei a cena já estava em curso), passando a nos acompanhar. Em determinado trecho o cachorro desapareceu e de repente escutamos no sentido contrário uns latidos e um barulho de cavalgada. Admirados observamos Cebola afastando os cavalos selvagens patagônicos do nosso caminho, como se tivesse a nos proteger. Foi tudo muito rápido, não permitindo sequer um registro fotográfico.
Valeu a levantada. |
Obrigado meu Deus. |
A trilha termina em um pequeno porto no Lago Nahuel Huapi, que de tão grande chega a formar ondas. Ficamos ali parados observando o azul do lago e lá dentro tenho certeza que cada um gritava como eu: "obrigado meu Deus".
Foram 30 Km pedalados.
O trajeto de Hermoso a La Angustura. |
Trajeto Parque Los Arrayanes. |
Um comentário:
Deu saudade dessa turma, desse lugar e desse astral maravilhoso!!! Abraços à todos.
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